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Publicado: 18/04/2017 21:57h

Minoritários da Vale disputam votos até o fim

Minoritários da Vale disputam votos até o fim

A eleição inédita de um conselheiro independente para o conselho de administração da Vale chega esta semana ao momento decisivo. A Assembleia Geral Ordinária (AGO) da companhia, na quinta-feira, no Rio, vai eleger 11 integrantes do colegiado, incluindo representantes de controladores, de trabalhadores e independentes para o período 2017-2019. A tentativa do fundo Geração Futuro L. Par de unir as duas chapas de minoritários para eleger pelo menos dois conselheiros independentes terminou frustrada por oposição da gestora Aberdeen.

A tendência é que seja eleito um conselheiro independente em separado dos controladores pelo voto dos acionistas donos de ações preferenciais. Será preciso quórum mínimo de 10% do capital social na assembleia, o que representa 515.337.492 ações. Essa presença já estaria garantida. Disputam a mesma vaga, pelos preferencialistas, a especialista em governança Sandra Guerra, indicada pela Aberdeen, e o advogado Marcelo Gasparino, conselheiro de quatro empresas, cujo nome é apoiado por grupo de investidores incluindo um fundo da Geração Futuro, do empresário Lírio Parisotto.

Fontes dizem que o resultado será definido pela escolha da gestora Capital Group, maior preferencialista da Vale, com cerca de 22% do total de PNs. A Capital se reuniu com os controladores da Vale para discutir a relação de troca e a Geração Futuro aposta na insatisfação da gestora americana para eleger Gasparino. Procurada, a Capital Group não retornou.

Amanhã, a Vale deve divulgar o boletim de voto à distância, usado pelos detentores de American Depositary Receipts (ADRs). O boletim pode indicar o virtual ganhador, disse fonte, uma vez que a maioria das PNs está em mãos de estrangeiros. Na quarta, a Associação de Investidores no Mercado de Capitais (Amec) vai promover debate entre os candidatos para os associados. Será o desfecho de uma campanha eleitoral intensa.

O fundo da Geração Futuro, mais VIC DTVM e Victor Adler foram os primeiros a lançar, em 6 de março, a candidatura de Gasparino, para concorrer em separado pelos preferencialistas, e do francês Bruno Bastit, pelos minoritários ordinaristas. Gasparino acreditava contar com o apoio da Aberdeen, mas terminou frustrado na tentativa. Em março, a Aberdeen lançou outra candidatura para concorrer com a dele, tendo Sandra Guerra como candidata das PNs e Isbaella Saboya, das ONs.

Peter Taylor, chefe da Aberdeen no Brasil, disse que a decisão de lançar as candidaturas foi motivada pela crença de que a Vale precisa ter conselheiros verdadeiramente independentes que não representem nenhum controlador nem ponto de visto específico em relação à operação de migração para o Novo Mercado, prevista para ocorrer até 2020.

Peter Taylor, chefe da Aberdeen no Brasil, disse que a decisão de lançar as candidaturas foi motivada pela crença de que a Vale precisa ter conselheiros verdadeiramente independentes que não representem nenhum controlador nem ponto de visto específico em relação à operação de migração para o Novo Mercado, prevista para ocorrer até 2020.

Estamos em momento histórico na Vale e a presença de conselheiros independentes é importante, disse Taylor. Sandra Guerra afirmou: A contribuição do conselheiro independente reside no fato de, ao não estar de fato vinculado com nenhuma das partes, suas ideias e julgamentos são percebidos como isentos. Mas isso requer independência de fato e percebida por todos. Ao orientar suas iniciativas no interesse da companhia apenas, a chance de contribuir para um possível alinhamento de todas as partes é aumentada.

Como isentos. Mas isso requer independência de fato e percebida por todos. Ao orientar suas iniciativas no interesse da companhia apenas, a chance de contribuir para um possível alinhamento de todas as partes é aumentada.

Por trás da disputa, está a diluição dos preferencialistas na troca entre ONs e PNs proposta pela Vale na operação rumo ao Novo Mercado. A Geração Futuro defendeu, em carta a investidores, uma conversão justa, sem diluição para os preferencialistas. No começo de abril, houve debate promovido pela Glass Lewis, consultoria de representação e análise para votos. No debate, Gasparino leu a proposta da Geração Futuro sobre a diluição. A Glass Lewis fez uma recomendação aos investidores da Vale para que votassem em Sandra, pelas PNs, e em Bastit, pelas ONs.

Gasparino afirmou: Gostaria de reafirmar o que disse no debate da Glass Lewis, que não vou expressar minha opinião sobre a operação pelo fato dela já ter passado pelo conselho de administração da Vale. Quem decidirá sobre o tema [a relação de troca] são os acionistas em assembleia, em junho. Gasparino também disse que não existe possibilidade de vinculação na escolha do candidato porque a escolha é feita com base na confiança que o acionista-investidor tem no candidato.

Fontes dizem que a Aberdeen lançou a chapa escolhendo nomes de peso da governança mais preocupada em barrar Gasparino do que em conseguir eleger mais de um conselheiro independente. Isso soa como história inventada por certas pessoas com interesse em propagar essa história, disse Taylor. As opções para eleger o conselheiro independente na assembleia incluem voto em separado dos controladores pelos ordinaristas e pelos preferencialistas minoritários. Outra opção seria chamar o voto múltiplo, o que daria chance de eleger número maior de independentes. Mas esse voto requer juntar 5% das ordinárias totais. O voto múltiplo teria que ser pedido pela Aberdeen, que tem cerca de 2% das ONs da Vale, além de possuir o mesmo percentual de PNs (Geração Futuro só tem PNs).

Taylor disse que executar o voto múltiplo não era prático e a firmou que a Geração Futuro nunca lhe propôs esse tipo de voto diretamente. Fontes avaliam que a adoção do voto múltiplo levaria a Aberdeen a assumir que estava satisfeita com todos os candidatos, suposição que não é verdadeira.


Fonte: Valor Econômico
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