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Publicado: 16/02/2017 00:00h

Minério contraria projeções e cotação passa dos US$ 90

Minério contraria projeções e cotação passa dos US$ 90
Desde que o minério de ferro ultrapassou a barreira dos US$ 60 por tonelada no fim de outubro passado e não parou mais de subir, os analistas que acompanham a commodity foram constantemente pegos de surpresa pela sua valorização e avisavam que o preço estava alto demais. Menos de quatro meses depois, valendo US$ 30 a mais e com aumento das estimativas para 2017, o discurso continua igual: o patamar é insustentável.

Ontem, o índice da "Metal Bulletin" do minério com teor de 62% de ferro negociado no porto chinês de Qingdao subiu 6,5%, para US$ 92,23 a tonelada. É a primeira vez em dois anos e seis meses que a cotação fica acima dos US$ 90 e agora o avanço acumulado em 2017 é de 17%.

As empresas também se beneficiam do cenário. As ações ordinárias da Vale, maior produtora global, subiram 9% no pregão de notem da BM&FBovespa, para R$ 35,76, e as preferenciais classe A ganharam 6,4%, para R$ 33,23. Em Londres, os papéis da Rio Tinto avançaram 1,8% e os da BHP Billiton, 3,5%.

Para os especialistas, isso ocorreu por conta do aquecimento do setor siderúrgico na China durante os últimos meses, os problemas de fornecimento tradicionais desta época para os principais produtores de minério - Brasil e especialmente Austrália -, a contínua procura por material de maior qualidade para compensar o carvão mais caro, além da volta de interessados na matéria-prima após uma semana de recesso chinês por conta do feriado do Ano Novo Lunar.

O Valor compilou estimativas de 17 instituições financeiras, nacionais e estrangeiras para o minério, que apontam para preço médio de US$ 61 em 2017. Em dezembro, as projeções eram de US$ 50. Mesmo assim, os bancos, consultorias e agências de risco apostam em nível próximo a US$ 55 até o fim deste ano.

"Muito provavelmente [o forte movimento de alta] é movido em grande parte pela especulação", opina Daniel Briesemann, analista do banco alemão Commerzbank. No mercado futuro da Bolsa de Commodities de Dalian, o contrato do minério de igual qualidade para entrega em maio - o mais negociado - também subiu forte, um ganho de 6,7% para 712,50 yuans (US$ 104). O de abril, pouco líquido, mostra o maior preço fixado pelos investidores, de 729 yuans.

Caroline Bain, economista da Capital Economics, lembra que o otimismo em relação à demanda por aço está muito grande atualmente. Um dos indicativos é a disparada de importações chinesas do minério, principal matéria-prima da fabricação do aço, que em janeiro totalizaram 92 milhões de toneladas, 11,9% de alta em comparação anual e 3,4% a mais do que em dezembro.

"Mas acreditamos que a produção siderúrgica vai voltar a cair durante este ano, já que provavelmente o país consumirá menos aço e vai encontrar uma barreira protecionista muito forte para exportar o excedente", declara a economista. Ela também lembra que o governo pretende realizar cortes pontuais e definitivos na capacidade produtiva, indicando menores volumes.

Um dos grandes problemas é que os produtos adquiridos se empilham em portos chineses. Atualmente, o estoque é de 113,1 milhões de toneladas, contra 102,4 milhões de toneladas no início do ano. "Muito provavelmente ainda veremos aumento desse volume", opina Briesemann. "Eu acredito que a China importa muito mais minério de ferro do que precisa."

Felipe Beraldi, da Tendências Consultoria Integrada, afirma que a correção dos preços não tarda a chegar. Ele não crê na sustentabilidade do patamar atual, até mesmo no curto prazo - ou seja, na passagem para o segundo trimestre. "Nossa projeção contempla queda expressiva no segundo semestre", afirma.

Fonte: Valor Econômico
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